Távola De Estrelas: abril 2014

Távola De Estrelas

Poesia Do Céu Da Boca

* Sempre DS*SD erpmeS *

Távola De Estrelas, Poesia Do Céu Da Boca, Para Mastigar Devagarinho, Deve Ser Servida À Noite E Acompanhada Dum Bom Vinho Tinto...

Apenas eu

Postado: Daniele Dallavecchia On domingo, abril 27, 2014 0 Carinhos de Luxo


E mesmo que meus lábios
pintassem um mundo perfeito
nada mais poderia ser feito
para mudar os estragos
E mesmo que fosse diferente
o tempo não voltaria
pra agradar a gente
precipício e gritaria
na mente, na alma quente
que sente, sente e não entende
o que não pode controlar
esse fogo louco
sempre aceso
preso, solto, preso
ó dor no peito
esse fogo me consome
e você meu amor
foi o homem
que sem perceber escolhi
para dedilhar

em letras de dó maior
no meu coração
esse lamento...
Se fiz tudo errado
ao menos
compus com prazer
toda a dor da nossa paixão.


Daniele Dallavecchia 26042014.20:25


Duas Vogais e Duas Consoantes - Parábola

Postado: Luiz Sommerville Junior On domingo, abril 20, 2014 1 Carinhos de Luxo

Filho
que pegaria numa estrela
e com ela escreveria no teu sorriso, se possível fosse,
toda a luz que antes nunca havia avistado
mas tive que morrer antes
para que o sonho por todo o tempo ansiado
me ressuscitasse ... e me tranformasse
no querer das tuas queridas e delicadas mãos, estendidas!
a mim!ó minha Páscoa!

e, o que aconteceu outrora
que o pão e o vinho - o corpo e o sangue -, celebração!
me entregou nos braços de tantos judas?
traindo a memória da mais bela e divina mensagem?
não sei! ou será que sei, mas não me lembro?
porque uma multidão de falsos servidores dos templos
trajados d´oiro com amuletos ao peito
e livros escritos em hebraico debaixo do braço
escondia nas dobras das túnicas
a ignóbel adaga da hipocrisia ?
e às escondidas em becos sem luz
negociavam com os senhores do mundo
a vida que queriam ceifada por soldados
cumpridores cegos de quem com césares lhes pagava
e, contudo, em quarta-feira santa, mundo em trevas,
os jardins celestes de tão altos
já abriam as portas ao novo tempo
do qual ninguém suspeitava e que em glória - voava !
quantos tolos não escutaram as minhas parábolas
para depois as orarem ferverosamente ?
riram-se, em ironia,cinismo,apelidaram-me
de rei da loucura
deixai-os com a sua embriaguês...

toda a noite da minha agonia o meu pai conversou comigo...
e reprovou o irmão pela soberba e apego ao vil metal
apontado-lhe o erro fatal na contabilidade da vida

já me esperam e ainda nem sequer arrefeci !
já me acreditam e ainda nem sequer me (re)viram, ó paixão !

agora que cheguei de verdade para que se cumpra o beijo
podes, deves, preparar uma festa com todas as palavras, apostólicas !
abençoados os que sabem esperar !
o amor escreve-se em cruz, aleluia !






Ao Rucka, com amor





Luíz Sommerville Junior, Domingo de Páscoa, 20 Abril 2014



Das sensações

Postado: Daniele Dallavecchia On sábado, abril 12, 2014 0 Carinhos de Luxo


Segui, por amor,
cegamente ao fio de Ariadne
Fui devagar
e apressada ao mesmo tempo
Nem sempre
o tempo está de bom humor
Fui como flecha de arqueiro
lançando-me ao jogo do amor
sem medo, sem desespero
Simplesmente fui!
Não importava muito
acertar o alvo
mas tentar...
Tentar ser feliz
tentar te fazer feliz
tentar o diferente
tentar de repente
sem pensar se ía ou não dar certo
Fui Feliz
fostes feliz
Se o relógio não nos deu corda
não temos culpa
fizemos amor nas horas mais improváveis
fizemos coisas só nossas
nos minutos incertos
e fomos infinitamente felizes
por segundos quase fatais
Valeu a pena?
Quanto vale encontrar o verdadeiro amor?
não é o quanto  vivemos
mas como vivemos
não é a quantidade
mas a intensidade



Daniele Dallavecchia 12042014.01:00


Sonata Dos Lábios

Postado: Luíz Sommerville Junior On quinta-feira, abril 10, 2014 0 Carinhos de Luxo


Em quantos olhares me tens , ó meu amor ?!..., 
que da tua luz a rodar, 
nesta noite vermelha
da prece mais-que-virgem, pura!, 
emana a tua boca soprando... 
aconchegando-me , ó meu agasalho!
sorrindo nos meus raros cabelos...
que te fantasio no relampejar das mariposas... 
no reluzir solene das flores em culto ao Sol
que são lantejoulas pregadas no linho, dos mares!
- as ondulações da tua melodia
 ó minha vaga marítima em de salgada em saia rodada!
de mãos dadas com a cintura do luar
eis-me aqui gritando:
- ó alturas!!!...

que me calo, 
que me calo..
porque falar-te... 
é abraçar as nuvens
que da água,céu ! 
chovem os teus beijos...  




Luiz Sommerville , 251220100858 , (c) Távola De Estrelas


"Humano(Jamais será), Demasiado Humano"

Postado: Luíz Sommerville Junior On segunda-feira, abril 07, 2014 0 Carinhos de Luxo




Todas as noites
quando o sol morre no meu olhar
viajo na escuridão
qual poema maldito
que às cegas destrói o relógio
que o tacto não consegue desvendar
mas...
é na incerteza da hora que encontro
a solução para a grave avaria
deste meu mergulhar no tempo
que se foi e nunca foi meu
e que vem, em regresso (e)terno
no espaço que transforma os céus
em saias de nuvens
em almas d´água fresca...
agora ...
só me falta ...
naufragar !

Talvez as paternidades nunca geradas
as maternidades nunca vingadas
gerem filhos
numa lista que em biliões de tempos aguarda
o degelo
para que o conforto tropical de novos oceanos
acarinhe e alimente um novo dia
em que todos os gerados, naturalmente, sem esforço,
em comunhão, e duma vez por todas, dêem as mãos
assim ...
mãe, pai, filho em sinónimo de todos os nomes e pronomes
semelhante de :
eu, tu , ele

nós, vós , eles ...







Luíz Sommerville Junior, 24/03/2014 22:25 07 04 2014, 23:11 -



O Movimento da Terra

Postado: Luíz Sommerville Junior On domingo, abril 06, 2014 0 Carinhos de Luxo


Veste o teu vestido branco
o mais transparente de todos
e vem ver o nascer do sol
Despe o teu vestido branco
e deixa que a luz cubra de beijos
todas as galáxias da tua encantadora derme, ó minha flor latejante !
Permite que o sal da tua carne tempere a minha boca
que irrequieta busca o único alimento que a sossega
Liberta o teu corpo alagado em forma de rio feminino , ó deusa !
e preenche de bênçãos estas minhas mãos que em ti
descobrem os roteiros íntimos de todos os caminhos
que conduzem à mais sonhada Índia
até que todas as águas em voltas de revoltas queridas
nos esgotem  - ó abençoado cansaço !
depois ... repousemos
enquanto o teu vestido branco
adorna a orla do recife
até ao por do sol ...




Luíz Sommerville Junior, 060420141920


Aquele que não morre - Morreu José Wilker

Postado: Luíz Sommerville Junior On sábado, abril 05, 2014 0 Carinhos de Luxo


O imortal -aquele, aquela- que não morre, contém todos os tempos e pessoas do verbo Falecer .





Luiz Sommerville Junior, 050420142331


Amor Imortal - Incondicional

Postado: Luíz Sommerville Junior On sábado, abril 05, 2014 0 Carinhos de Luxo

Hoje,
precisamente quando no relógio
o movimento assinala o meio-dia
na tua saia orlada de sonhos
que são infinitos a explodir nos meus
tão atormentados neurónios,
ó meu amor!
Hoje,
precisamente, quando a lágrima do amor eterno
que de tão terno quase me mata
nesta sinfonia d´emoção
que me rouba às mãos a firmeza
me rouba ao corpo a atracção, à terra !
sem gravidade para onde vão os meus pés?
Ó meu mais sublime amor !
que de chorar em cortejos de sorrisos
me sinto tão pequenino , ó infância !
qual erva silvestre acabada de nascer
no seio de estrelas cor de todas as esperanças ...
Hoje, sim, hoje, oh , minha querida !,
quando a tua saia em pureza desejada branca, noivada !
recebeu a hora, exactamente ao centro da meia-noite,
eu chorei, porque amar é sentir que o teu tecido é costurado
pela beleza grandiosa do universo
e então,
ainda ... hoje ...
sinto que posso morrer na ponta do fio matinal
que transporta tudo o que é visível até aos meus olhos
olhos tão cansados
por milhares d´anos vividos no encanto
de um dia na cruz duma estrada coberta pelos teus passos
todo o meu ser ficar vazado , impregnado
pelo magistral poema do teu respirar ...
ó meu amor,
que fazia tanto tempo que eu não escrevia
algo tão simples e sem explicação
sobre o amor que não sei escrever...
mas, ó vida de minh´alma!
vê, escuta, sente
lá longe como aqui ao perto
a benção do despertar na alvura
dum leito onde a roupa que nos conforta
tem lençóis de poemas cravados
em gravuras cujas carinhosas mãos
que à vida se dedicaram
exaltam o incenso purificador
dos minutos
nos quais um poderoso coral de violinos
soa para que os ouvidos jamais percam
a benção de serem a criação que nos torna bons, melhores
pela audição da arte suprema , ó música !
se eu estou surdo qual Beethoven
de joelhos imploro-te : perdoa-me !
porque sem ouvir-te
sou menos que um grão de areia numa praia sem crianças brincando ...





Luíz Sommerville Junior,
050420140704