Távola De Estrelas: maio 2011

Távola De Estrelas

Poesia Do Céu Da Boca

* Sempre DS*SD erpmeS *

Távola De Estrelas, Poesia Do Céu Da Boca, Para Mastigar Devagarinho, Deve Ser Servida À Noite E Acompanhada Dum Bom Vinho Tinto...

Roteiro

Postado: Luiz Sommerville Junior On sexta-feira, maio 27, 2011 2 Carinhos de Luxo



























Hoje, minha amada
quero falar-te d´amor
não sei qual a dor
do peixe
apanhado subitamente
pelo anzol
mas sei que asfixia
estrangula o coração
como o fogo da inquisição
sei que o mundo é redondo
mesmo que seja quadrado
que importa se insistem
que a rotação das horas
é um plano inclinado
se eu sinto o teu sangue
nas minhas veias a circular
em pulsações
de todas as direcções?
Todos os teus ais
de tristeza ou d´alegria
são sais
do meu banho profundo!
e não quero outros!
conheço-te
neste conhecer
que é saber
o quanto eu te amo
neste amar-te
que é sentir
o quanto eu te adoro
Sabes, minha querida,
escrevo-te às avessas da poesia
escrevo-te o devaneio
em jeito de carta
talvez porque
nunca fui poeta
e encontrei em ti
a autora
da minha razão de ser
finalmente
porque careço imenso
do beijo teu
por que
minha boca
adora desenhar na tua
luas pintadas
de cor-de-rosa
quase vermelho
vermelho mais que rosado
olho-te!...
e vejo-te
em todos
os meus pensamentos
em todos os pontos cruciais
da rosa-dos-ventos

Minha amada, não sei
se te falei d´amor
mas sei
que vá eu para onde for
te levo comigo
em sinómimo
de espero-te...
sempre!

(ah, bendita tempestade
d´astronomia
ó luz que chegas
com o pungente esplendor
da virgem
que
me
sorri...

-em flor!)

(ó donzela, donzela, com teu barquinho de flores
quero minha cor a navegar na boca do teu mar...)


Luiz Sommerville Junior, 260520112001







Dois Poemas, Dois Parênteses=Nós

Postado: Luiz Sommerville Junior On quinta-feira, maio 26, 2011 6 Carinhos de Luxo




































Hoje
se da vida me levasse
o dia
que não me ficasse
nem as lágrimas
seriam minhas
nem os gritos,
se os houvesse,
seriam d´alguém
toda a luz contém
um ponto inaudível
na escala aconselhável
dos zero decibéis
pouca coisa é música
o quase tudo
é ruído a rasgar os tímpanos
o quase nada é energia
esvaindo-se
a eternizar o silêncio...

(... onde o sujeito e o verbo em flexões do para mim , em flexões do para ti,
transitivo na fusão do ser - nós em carne ! Imperativo na urgência d´alma:
-amemos!)

Escrevo no silêncio
da nascente o verbo,
o nome e a eloquência
da nomeação
predicado do meu sujeito
teu de direito:
porque o amor
é  lei do nosso peito
justiça no nosso leito
ah, querida , em delírio
do movimento em que te abraço
murmuro
- Amo-te Dani !

(a eternizar o silêncio... por dentro ...)




A Madrugada Das Flores, Luiz Sommerville Junior, 250520110633





Acústica

Postado: Luiz Sommerville Junior On terça-feira, maio 03, 2011 4 Carinhos de Luxo

Infinda é a tua ternura
nessa voz de flauta onde flutua a água da fonte
pura , de envolvente candura
e eu que ainda não escrevi - o poema ! -
para a tiara do teu fonema.
falta-me toda uma vida , - para o espraiar ! -
que me aquecem todos os tambores
nas mãos de tão doces sabores
ó rasgão do meu sangue escorrendo - na audição !
membrana estremecida que teu som
na minha pulsação em ondulação 
se transforma no único tema-coração
canção que em mim desperta a vibração
- ó pérola que és a púrpura da minha bandeira ! -
ai daquele que toque a face da  tua glória !
ai daquele que assombre o rosto singular deste querer-bem !
não te inquietes , ó amada !
por que tu és ; tu tudo tens
e aquele que de ti não sabe
nada tem !


Luiz Sommerville Junior , A Madrugada Das Flores , 070420111759


Com mil beijos para ti , minha amada Dan


Mudança de Estação

Postado: Luíz Sommerville Junior On segunda-feira, maio 02, 2011 0 Carinhos de Luxo

Fez-se inverno no meu peito,
fora de hora, sem aviso nem jeito,
despedaçando as flores do meu jardim,
nada restou... pobre de mim!

Tempestade em desalento,
arrastando o pouco que sobrou,
já não sou pessoa, sou lamento,
aquela que teu amor nunca alcançou...

Mas a semente há de germinar,
um dia, quando o verão trouxer,
a alegria, e quem sabe eu possa encontrar
o amor que me couber...

Daniele Dallavecchia


1º De Maio - Pela memória dos nossos apelidos

Postado: Luiz Sommerville Junior On domingo, maio 01, 2011 0 Carinhos de Luxo



ainda ontem
fomos as carruagens
dos comboio lotados de sonhos
que na pista accionavam multidões
o trem
sumiu...
as viagens
nas trilhas sem fim
dos nossos olhares
essas
não cessam
d´alastrar
no destino comum
dos nossos neurónios
mas
as serenatas nos lençóis abandonados
-o odor escarlate de violões , envelhecidos !-
silenciados ao mofo aprisionados , ninguém ...
... as ensaiava ...
lá onde a sereia morreu apaixonada
pelo capitão que trajava na lapela
um lenço bordado de lábios , cravados !
pelo batom que reflete a imortalidade
há quem lhe chame arma
há quem lhe chame flor d´abril
- é apenas a carne rasgada da traição
que ainda insiste em repetir o bordão
ou refrão duma só palavra
- revolução !
e ...
ainda é tempo
d´abrir os livros que são entradas
ainda é momento
de fechar aquelas bocas que jamais aprenderão
a beijar !
sim , vou rasgar o meu voto
à entrada da urna que sentencia o nosso funeral
sim , vou teimar no sonho na portada
do ventre que grita ensaguentado
pela luz - dia !
por que ...
os abandonados sem leito são hinos , rejuvenescidos !
onde o tudo o que é caduco morre para que soe a balada
abraçada ao perfume que da vida é libertada , alguém ...
a encarnará , aqui ... onde uma noiva se entrega ao castelo
d´útero aberto à formação daquele que da pátria faz a nação
e acena à boca amada com o lenço de gala
manchado com o lindo arabesco que das núpcias verteu
afinal , ontem , num lar dilacerado pelo divórcio , foi abril ...
e hoje numa terra engalanada pela boda da esperança
é maio ...
daquela menina que dá as mãos ao menino ,
sim , são pequeninos , são crianças
os olhos maravilhados que entregam aos noivos as alianças
e ela sorri e imortaliza-se no ouvido dele :
- sou tua ! sou a tua terra , e tu
estás disposto a ser o meu país ?





Luiz Sommerville Junior , 010520110741