Vasto caminho
que atravesso antes de adormecer
Vasta tristeza
que degusto dentro do meu ser
Nunca a vida fora tão boa
nunca o mundo fora tão mau
nunca meus dias foram tão meus
e eu nunca fora antes tão contra
todas as minhas vontades
sou uma mulher, sim, eu sei!
Mas o sou pela metade
porque tudo o que sonhei
foi roubado pelo tempo
pela nossa idade!
Daniele Dallavecchia 29032016
Aurora
Subo ao mais alto cume
da minha tristeza
Desperto para a cor
do nosso amor
mais cores
frias que quentes
mais inverno que verões
e eu que sempre amei a primavera
tenho presenciado o
o teu outono
tuas folhas secas caindo
e poucas vezes
pude contemplar o teu desabrochar.
Insisti
percorri
e tantas vezes morri
dentro de mim
por não saber te encontrar
Há um lugar só teu
onde te escondes
onde não és de ninguém
onde só pertences a ti
e o mundo é teu!
Perdi
perdi quando
abri os olhos e não te reconheci
Não há acalento
nem descanso para
minha alma
morri e ainda estou aqui
esperando a hora
em que saberás
que só precisavas me olhar
- de verdade -
para eu ressuscitar
no mais alto cume
da minha alegria.
Daniele Dallavecchia
do não saber sonhar
Dei um salto
mais largo
que todos os meus passos
juntos
e caí num triunfo
utopicamente feliz
e me vi resplandecer
luzes cintilantes
que raiavam de mim
mas o reflexo
dos teus olhos cegou-me
era demais
era muito mais
do que o pensamento
não era vida nem prazer
era tudo
dentro de um sem tempo
e esse apertado nó
me fez cair
na raiz de mim
e não encontrei
aquela que tanto quis ser
Daniele Dallavecchia, 13.09.2014
A Hora da Tua Solidão
Quantas
personagens,
meu
amor,
para
fugir da solidão,
quanto
devaneio
à
toa e sem razão...
Quantos
amores
no
teu caminho,
em
desatino,
quanto
vazio!
Triste
sina a tua,
fugir
de si,
sonhar
sem ter onde ir...
Passado,
passado!
Tudo
agora é passado!
morto
e enterrado...
Não
tenha medo,
sou
teu novo enredo,
sonha
comigo
um
novo mundo,
volta
a inocência
da
infância,
não
amo o que você
não
é...
Te
quero livre,
tira
estas roupas,
que
distorcem o teu ser,
deixa-me
apreciar o nu
da
tua alma verdadeira,
teus
pecados todos
já
foram lavados
nas
tantas lágrimas
que
derramei,
salva-me
do martírio,
das
noites aflitas
em
que minha mente
implora
solução,
não
te suporto triste...
sela
comigo
o
pacto da vida,
seja
o inverso
do
que a corja atrevida
cospe
agora
a
todo universo.
Daniele Dallavecchia
A Rotina
Se não fossem teus braços
me enlaçando forte noite e dia
o que ainda restaria
amor meu
desta vida nossa
que na morte dos amados
se perdeu?
Se não fossem os teus beijos toda noite
que gosto ainda me apeteceria na boca
depois de tudo o que aconteceu?
Se não fosse os teus carinhos
amor meu
a libertar-me dos braços
sombrios e eternos da morte
nada mais seria eu:
nem mito,
nem história,
nem personagem
apenas,
talvez,
numa cova rasa
pudesse ser escrito,
por compaixão
aqui jaz
a menina que amava o poeta.
Daniele Dallavecchia, 29.08.2013
Há um tremor de mãos
e olhos que piscam sem parar
um tic, um nervoso, um tac
cardíaco, maníaco destrutivo
nos roubando o sono e a paz
e quem será capaz
de nos mostrar o caminho de volta
a inocência, a beleza, a esperança...
Deus existe?
Por que então tudo é tão triste
ao nosso redor, entre as circunstâncias?
Se somos um e só queremos seguir
o caminho da vida de mãos dadas
por que é tão traumatizante a caminhada?
Será que oramos pouco?
Será que pecamos muito?
Ou será que nos desacostumamos
a um mundo
distante dos nossos sonhos
dos nossos desejos
do nosso romantismo.
Sim amor, pecamos deveras
Unimos-nos num só corpo
na hora incerta dos donos
da verdade inventada
daqueles que mandam em tudo...
Tomemos um cálice de cicuta
esqueçamos os ansiolíticos
vamos dormir até o mundo acordar...
Daniele Dallavecchia
_________________________________________________________________________
Beijo Divino
Esta noite , meu amor ,
morri ...
mas antes leguei-te uma mensagem :
- escrevo-te estas palavras
para que sintas os momentos finais
do meu corpo ainda ardente ...
E as letras que aqui te deixo
tremidas !
ficarão guardadas
nos teus olhos , ó minha querida !
neles habita a mais bela biblioteca
neles vinga a verdadeira semântica
é neles que guardas
a redacção da nossa vida
quando os olhos se fecham
todas as palavras choram
no mar ...
onde todos os rios congelam
e os búzios ... enxutos ! aflitos ,
em agonia ! ... ainda murmuram
a conjugação imperativa
Amem ! Amem ! ...
Esta manhã , ó meu amor ...
enquanto eu dormia
a deusa Íris beijou-me a testa
subitamente , eu abri os olhos !
como se fora milagre ...
Luiz Sommerville Junior
In Só Para Os irremediavelmente Tristes
Créditos : Imagem - óleo Morpheus and Íris de Pierre Narcisse Guérin

A Dor Que Molha O Vento
O vento do meu cérebro
o mar vermelho de lágrimas
que a minha vida verte
nestas noites de prelúdio
preâmbulo da distância
do dia menos desejado
podes imaginar
o terramoto de contrariedade
que dilacera todo o meu corpo
neste advento de tempo incerto
e ...
das duas uma :
ou eu vivo
pela tua chegada
ou morro ...
pela partida
Luíz Sommerville Junior
Presságio
de viver os meus sonhos
eu viveria em todos os lugares
assim
eu estaria sempre junto de ti
tal poder seria , dos meus sonhos ,
sinónimo
do meu querer
mas ...
o se é uma palavra terrível
porque impraticável
e o poder é um substantivo vago
porque abstracto
eis o drama:
- viver no desejo !
(à espera que o sonho conquiste a realidade...)
Luiz Sommerville Junior
A Colheita de Dionísio
Tempo,
pão passado,
amassado,
vinho amargo
dos meus sonhos,
mal tragado nas ribeiras
do meu peito
gotas que sangram
e deixam um trago n'alma
e não há comunhão
quando o que somos é solidão
em plenitude,
(e há amor)
atmosfera
(e somos amor)
e distância
(e morremos de amor).
Somos um reino
mal reinado de nós,
mas este é só o meu reflexo
no copo de vinho travo
que me absorve.
Daniele Dallavecchia
Do suplício (carta de Pandora)
Tem vezes que a vida
é um recanto de felicidade,
noutras vezes pode vir a ser
um canto de infelicidade
Tua cegueira
de longa data companheira
não te deixas ver
que, como um felino que arranha
e, sem querer, machuca
tudo o que eu quero é você
e não sei mais como fazer
para chamar a tua atenção
sem precisar duma palavra chula
dum apito, dum grito, dum choro incontido
desculpa amor, esse é meu jeito de ser
agreste, rude, cruel, triste e...
faminta
sempre faminta de ti
da tua presença...
E já estou farta
farta de pedir
de esmolar,
de cobrar
de te lembrar
que não suporto a solidão
que me dás (sabendo ou não)
prefiro a morte
se ao meu lado não estás...
Quem sabe
um dia teus ollhos
vejam quem ao teu lado
há muito jaz.
(mas se me deres o teu amor,
a tua presença em mente, corpo e alma,
eternamente serei por você)
Daniele Dallavecchia
é um recanto de felicidade,
noutras vezes pode vir a ser
um canto de infelicidade
Tua cegueira
de longa data companheira
não te deixas ver
que, como um felino que arranha
e, sem querer, machuca
tudo o que eu quero é você
e não sei mais como fazer
para chamar a tua atenção
sem precisar duma palavra chula
dum apito, dum grito, dum choro incontido
desculpa amor, esse é meu jeito de ser
agreste, rude, cruel, triste e...
faminta
sempre faminta de ti
da tua presença...
E já estou farta
farta de pedir
de esmolar,
de cobrar
de te lembrar
que não suporto a solidão
que me dás (sabendo ou não)
prefiro a morte
se ao meu lado não estás...
Quem sabe
um dia teus ollhos
vejam quem ao teu lado
há muito jaz.
(mas se me deres o teu amor,
a tua presença em mente, corpo e alma,
eternamente serei por você)
Daniele Dallavecchia

A Poeta
Cai a pena entre os dedos da poeta
nove vezes gritou a poeta
nove horas nasceu a poeta
e as nove quis morrer:
entre papéis mal escritos,
linhas tortas, tinteiro virado
e um rastro de incompreenssão...
19 era o dia do seu nascimento
9 era a hora da sua chegada ao mundo
9 era o seu número preferido
mas não pode escolher a hora da partida
apenas o dia
nove!
nove vezes gritou a poeta
nove horas nasceu a poeta
e as nove quis morrer:
entre papéis mal escritos,
linhas tortas, tinteiro virado
e um rastro de incompreenssão...
19 era o dia do seu nascimento
9 era a hora da sua chegada ao mundo
9 era o seu número preferido
mas não pode escolher a hora da partida
apenas o dia
nove!
Daniele Dallavecchia
Fedra
E não bastava ser como pedra,
havia de abstrair-se de toda a dor,
negar os sentidos, abafar os gemidos,
enganar os instintos, esquecer!
E já não bastava chorar sem lágrimas,
a tortura desumana, o abuso,
tinha de inventar outro passado
apagar as marcas, ultrapassar as feridas,
abrigar-se da chuva sem guarida,
tinha de ser super herói de si,
arrastar o corpo magoado,
a alma ensanguentada,
a vida bagunçada
e ir em frente
porque o relógio da vida
nunca pára...
E já não bastava ser pedra
tinha que ser um castelo...
Tinha que se reerguer das ruínas...
Mas se das ruínas,
ao menos uma flor tivesse nascido
toda a dor teria valido à pena
Daniele Dallavecchia
Do Que Sou
Dos sonhos que tive na minha meninice
alguma coisa alcancei, inda que pouca,
mesmo que os dias passem na mesmice,
realizei aquilo que deram-me por louca.
Quis, lutei e fiz tudo que imaginei e disse,
mesmo sendo meu caminho de voz rouca,
e ainda que a vitória minha não atribuísse
a ninguém favor, sei da minha reles roupa
Saltei a passos largos muito além de mim,
e se a minha gente ainda me enxerga torto
pouco importa-me suas caras tristes no fim,
Sou melhor que posso no pouco que tenho,
sou céu nublado, mesmo assim meu porto,
e tudo quanto faço tenho amor e empenho
Daniele Dallavecchia
O tempo dirá...
Talvez o tempo me ensine
a fechar o coração,
talvez não...
Talvez a vida me mostre
com quantas decepções
se faz uma história,
estrada enfeitada
dos meus sonhos desfeitos,
Talvez você seja só a ilusão
que o vento dissipará,
ou talvez você seja o amor
que eu não soube conquistar...
Daniele Dallavecchia
Outro Lugar
Trago tatuado na pele
as impressões do tempo,
dos dias idos,
dos amores partidos.
Trago nos olhos
e nos sonhos
o peso das horas,
o fracasso do agora
Desespero dum futuro
que não sabe chegar.
Fracas são as mãos
que já não obedecem
E se a voz me falha a força,
é que o espírito anda cansado
para seguir onde os pés
alcancem outra realidade.
O mundo real
é demasiado sujo,
torpe,
horrendo
para eu o encarar
sem meus óculos de ilusão.
as impressões do tempo,
dos dias idos,
dos amores partidos.
Trago nos olhos
e nos sonhos
o peso das horas,
o fracasso do agora
Desespero dum futuro
que não sabe chegar.
Fracas são as mãos
que já não obedecem
E se a voz me falha a força,
é que o espírito anda cansado
para seguir onde os pés
alcancem outra realidade.
O mundo real
é demasiado sujo,
torpe,
horrendo
para eu o encarar
sem meus óculos de ilusão.
Daniele Dallavecchia
"Até os mais fortes guerreiros tombam
diante da estupidez humana"
(Daniele Dallavecchia)
A Poeta , A Flor E Os Jardins
Em emergência
aconteceu o acto em que a flor de arqueada
em delicada vénia que do perfume da vida , cor !
esculpiu a curvatura daquela que do esplendor , é !
nessa sua marcha lacrimejante
em que as suas pétalas se diluíam
perante o apogeu do Éden que a contemplava ...
E , ela ...
derramando luas quase invisíveis
sobre a terra calada do ventre em ferida
ela ... de sândalo perfumada
murchava ...
porém , o relógio das horas interrogativas
gritou :
- qual o ponteiro
que é urgente movimentar
no rodapé dos jardins ?
JouElam , 101220110404 , O Espírito Das Borboletas

Badaladas Dum Destino Sem Dó
Doze são os meses do ano, espera!
doze as horas do meu dia, agonia!
doze as horas da minha noite, quimera!
Números que me reduzem a nada, distonia!
badaladas de um sino sem perdão, cratera!
Destino torpe, vida em afasia...
Retroceder o tempo, quem dera
tudo diferente faria,
abandonaria o que agora me é fera
e nos teus braços feliz morreria...
Daniele Dallavecchia
Prece
Ó meu Senhor,
protege-nos das injúrias,
das línguas todas
que nos querem vida morta,
não permita que as setas
da injustiça nos façam alvo,
poe-nos ó Pai, do mal, a salvo,
não permitas que os olhos
de inveja daquela gente insana
alcancem o cume
puro do nosso coração,
envia, Pai, tua nação
d'anjos...
Faça cada máscara cair,
permita que cada qual
que nos julga mal,
veja no espelho de si,
meu Senhor,
o monstro em que se tornou...
Daniele Dallavecchia
Da Queda diante da ignorância
Até o mais forte guerreiro cansa...
Minha espada chora
o cansaço das horas
que nunca avançam,
meus olhos são cascatas de tristeza,
lamentando
esse céu sem estrelas, vazio!
jardim cinza dum corpo sem vida...
Se Deus ao menos me ouvisse
neste mundo distante
onde a compreensão é língua morta,
tudo é egoísmo, arrogância,
escuridão,
lanterna de ignorância
iluminando o caminho
que nunca chega...
Estou perdida, sei que estou,
mas teus olhos, meu amor,
são clarão no meu breu,
bússola de mim,
solstício no inverno severo que sou,
segura a minha mão e não me deixa cair...
Até os mais fortes guerreiros tombam
diante da estupidez humana...
Daniele Dallavecchia
Entre Anjos e abismos
Punhais à mostra,
línguas descontroladas,
corações sem pátria, sem nada
ração de restos
restos de seres "santinhos das trevas"
gente sem consideração
à procura de destruir um sincero coração
NÓS VENCEMOS !!!!
a corja maldosa que espreitava ,
aos famintos de protagonismo,
querendo sentir o aroma da minha respiração,
aos maldosos e covardes
ambiciosos para mostrar ao mundo
o seu vil metal
que não os acompanhará
no dia do enterro
sem música, sem amor, sem verdade
apenas a vergonha da vida que fantasiaram
Mas que suas fantasias sejam o escudo
que os mantenham longe do meu castelo.
Ó fedor, Ó podridão, Ó desumanos...
Cada qual merece seu quinhão
e Caronte não recebe moeda falsa.
Soa o sino da Igreja
(Soa a tristeza do teu gemido)
ver gente tão pouca a te louvar
uma sequer oração
- é ora de impressionar com mentiras o irmão -
seja firme na tua estrada torta então
e deixe a minha reta sem as tuas pedras
levei tempo demais para fazer delas
a nossa mais linda muralha de proteção!
Daniele Dallavecchia, 07092012, 05:07
Entre Anjos e abismos
Punhais à mostra,
línguas descontroladas,
corações sem pátria, sem nada
ração de restos
restos de seres "santinhos das trevas"
gente sem consideração
à procura de destruir um sincero coração
NÓS VENCEMOS !!!!
a corja maldosa que espreitava ,
aos famintos de protagonismo,
querendo sentir o aroma da minha respiração,
aos maldosos e covardes
ambiciosos para mostrar ao mundo
o seu vil metal
que não os acompanhará
no dia do enterro
sem música, sem amor, sem verdade
apenas a vergonha da vida que fantasiaram
Mas que suas fantasias sejam o escudo
que os mantenham longe do meu castelo.
Ó fedor, Ó podridão, Ó desumanos...
Cada qual merece seu quinhão
e Caronte não recebe moeda falsa.
Soa o sino da Igreja
(Soa a tristeza do teu gemido)
ver gente tão pouca a te louvar
uma sequer oração
- é ora de impressionar com mentiras o irmão -
seja firme na tua estrada torta então
e deixe a minha reta sem as tuas pedras
levei tempo demais para fazer delas
a nossa mais linda muralha de proteção!
Daniele Dallavecchia, 07092012, 05:07