Sabes , meu doce amor ,
quando fui criança, a rua carregava em seus ombros
os belos rios que a chuva de Fevereiro
espalhava ao longo das alamedas povoadas de frondosas árvores,
na sua parte mais alta nascia o encanto duma viagem
construída pela imaginação de pequeninos Vasco´s da Gama
colocavam-se as canoas construídas com as folhas em branco
dos cadernos escolares
que num ápice venciam as ondas rasas,
enxurrada dos céus,que rolavam desenfreadamente pela calçada
eu desatava a correr , seguindo com dificuldade, a rota delas ,
até ao ponto em que o caudal estreito se alargava
formando uma enseada, espelho d água, onde todos os navegadores
paravam maravilhados, em contemplação!,
por haverem conquistado no meio da tempestade
a serenidade, a paz de espírito e a alegria
apenas ...
com um barquinho de papel ...
Se hoje chover... com páginas da Bíblia
erguerei" pescadores da barca bela"
sobre todos os jardins que choram,
só para sentir o júbilo crescendo
no sorriso das plantas e flores
talvez, em prece de milhares de livros sagrados,
pois duma só página deles quero
o pouco (inestimável) da lei maior
"o maior mandamento é o amor"
e assim , das caravelas que os professores
me ensinaram a construir ,
utilizando papel, cola e tesoura ,
se farão centenas de corações, pequeninos e frágeis ...
que são barcos rumando para o regaço de Vénus
que são formosura e delicadeza a caminho do esplendor
sim , eu sei , meu doce amor , amor perfeito,
que o papel do barquinho em tuas veias navega em forma de laço
será que Álvares Cabral sabia
que a blusa vermelha deste meu sangue
é pertença do teu querido peito?
Luiz Sommerville Junior (Jorge), 140220121014
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