Foi há tanto tempo que os astros faleceram
que já não lembro do sol incerto
que ontem em ícones estelares, tantas vezes,
destruindo as loucuras (im)previsíveis
e eternizando o que no universo é imortal, brilhou!
- para rasgo da pele de tantos e perdidos poetas? -
desse tanto que era muito mais-do-que tudo
há um amor que sobrevive em mérito
dum lado cravejado por punhais firmes do teu sangue
mais que abastados de transbordantes do teu corpo
que foi (e eternamente será) todas as canções
do tudo ou nada que eu quero ouvir a queimar
toda a vida que me resta para te glorificar
orgulho desnecessário de quem te ama
em todos os passos titubeantes das conversas surdas e mudas com Deus
quando o céu da boca se posiciona minuto a minuto
na via-sacra do teu timbre do qual nascia a magia
dum templo respirado de borboletas
e desde que o sagrado existe
talvez mesmo antes do nascimento dos ventos
tu que te foste para nunca te ires embora
permanecerás em tudo o que há de mais belo
por ...que ...
nenhum deus dominará
o altar de luzes sopradas nas tuas preces
tal como apenas tu dominaste em absoluto
o dom abençoado do que é mais meu de teu :
- A tua voz cantando
(Entre o norte e o sul
ao centro da rosa-dos-ventos
há um coração que é direcção das tuas escolhas
e no qual se agita a questão
- para onde vai a morte quando a alma é vida ?)
Ao meu pai , um ano de saudade
Luíz Sommerville Junior , 280320142351 , A Minha Carne É Feita de Livros
Para onde vai a morte?
(sublime verso, de uma profundidade e densidade que poucos alcançam -
gostaria muito de o ter escrito)
abraço